Agroecologia: feira de mulheres volta a ser realizada no domingo, em São Paulo

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A agroecologia volta a mostrar parte de sua produção em São Paulo depois de quase dois anos. É a retomada da Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã, na zona oeste, neste domingo (28), depois de quase dois anos suspensa devido à pandemia de covid-19. Seguindo todos os protocolos sanitários e com autorização da Prefeitura Regional, o evento aberto e gratuito volta ao calendário nos moldes do período de 2017 a 2020, no mesmo local de antes – o Viveiro 2 (veja endereço completo no final da reportagem).

Evento que vem se consolidando como espaço de fortalecimento da agroecologia e da economia solidária feminista na capital paulista, a feira conta com uma rede de mais de 50 empreendimentos e coletivos que oferecem variedades em alimentos agroecológicos, produtos de cuidados pessoais, brinquedos e instrumentos musicais, decoração, artesanato e materiais para permacultura e jardinagem.

Ou seja, são frutas, verduras, leguminosas, grãos, café, geleias, doces, polpas, molhos, pães, farofas e muito mais – exceto bebidas alcoólicas e alimentos derivados de carnes. Os produtos frescos vêm de hortas de bairros da capital, de pequenos sítios e assentamentos da reforma agrária e também de áreas de diversas partes do estado, como a Mata Atlântica de Ubatuba, no litoral norte.

“São artigos de qualidade que podem ser comprados por meio de uma relação direta entre produtoras e consumidores, sem atravessadores. Antes, as mulheres produziam e os homens saíam para vender. Hoje elas mesmas saem para oferecer o que produzem”, disse à RBA a coordenadora da rede Julia Lourenção.

Feira de agroecologia

Expositora desde a primeira edição da feira, Natali Alencar conta que sua participação vem trazendo diversas oportunidades de levar seus produtos a um público cada vez maior. E que com os cursos de formação oferecidos pela feira de agroecologia, conseguiu organizar seu empreendimento e torná-lo seu próprio sustento.

“A feira também nos traz formações pertinentes, onde aprendi o que é economia solidária feminista e como administrar minha marca a partir destes princípios. Assim foi possível dar passos certos e conscientes, na direção que eu acredito ser a melhor a seguir. Estou muito bem acompanhada e amparada”, disse Natali.

A rede se estrutura segundo os princípios da economia solidária, e, portanto, todas as mulheres que expõem seus produtos são responsáveis pela construção do evento. Por meio de reuniões e assembleias decidem os rumos da feira, e se organizam em grupos de trabalho para solucionarem desafios e aprimorarem processos. A infraestrutura pertence ao coletivo como um todo e é partilhada com um parceiro essencial na consolidação deste, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP.
O cuidado do coletivo com o espaço público que ocupa também é um diferencial.

As vendas realizadas na feira representam uma fatia significativa do orçamento de muitas das produtoras. E a interrupção do evento presencial, com a chegada da pandemia, representou um forte impacto, levando muitas delas a interromperem a sua produção para se dedicarem a outras atividades em busca de renda.

Relações sociais e ambientais

A rede chegou a organizar uma loja virtual para continuar comercializando produtos da agroecologia. Segundo Julia, a venda pela internet até que é uma alternativa, mas há diversas limitações tecnológicas, que colocam os pequenos fornecedores em disputas desiguais com as grandes redes mundiais no comércio eletrônico.

O cuidado com as relações sociais e ambientais na produção de cada item, segundo Julia, é uma constante no trabalho de todas as produtoras. “Por isso, muitos utilizam técnicas de reuso, reaproveitamento e são feitos com matérias-primas sustentáveis e livres de exploração de mão de obra e animal.”

Além dos itens comercializados, a feira também oferece ao público atividades culturais e de contato com a natureza no espaço arborizado.
“Quem frequenta a feira tem acesso a uma programação ampla e gratuita que contempla atividades de cuidado com o corpo, como aulas de yoga, além de oficinas de saberes manuais e de educação ambiental, apresentações musicais e atividades vinculadas à cultura popular, como roda de capoeira e samba de roda. Dessa forma, buscamos fortalecer os circuitos da cultura popular em São Paulo e democratizar o acesso da população a atividades educativas e de lazer”, disse Julia.

A Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã acontece no Viveiro 2 do Butantã, através de uma parceria entre a Associação Nacional Reggae – uma das entidades realizadoras do evento – e a Prefeitura Regional do Butantã. O coletivo que promove o evento é um dos que integram o Movimento Cuidar do Viveiro 2, que por meio de mutirões e outras atividades, busca conservar e revitalizar a área verde, ampliar o uso social do espaço e expandir o acesso da população ao local.

( Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/ )

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